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DINÂMICAS DE GRUPO

jogos coletivos, brinquedos cantados e atividades plásticas


OS FOLGUEDOS POPULARES
COMO APORTE PARA AS
ATIVIDADES DO COTIDIANO.


A expressão “dinâmica de grupo” refere-se a vários tipos de atividades exercidas por treinadores sobre grupos humanos. Para a maioria, a “dinâmica de grupo” é uma variação da terapia de grupo, incluindo ou não processos dramáticos (psicodrama, e sociodrama). Hoje, principalmente nos E.U.A, ficou reduzida a uma espécie de supermercado do amos, em forma de grupos de encontro de fim de semana(...) Quando nos referimos à dinâmica de grupo, estes aspectos são irrelevantes e residuais, embora não descartáveis. Dinâmica de grupo, segundo uma perspectiva piagetiana, é uma microssociologia e trata dos fenômenos da cooperação (operações em conjunto). O fato desta estruturação do grupo (cooperação) implicar em reações afetivas, não elimina o estudo dos mecanismos operativos. Num jogo de futebol, as emoções dos jogadores não devem interferir nas exigências estratégicas da atividade; se interferirem é que o nível operatório não é, suficientemente, sólido e - diz Piaget – Não é a cura afetiva que vai determinar o “nível estratégico” ( criada a afetividade, resta o problema da conquista da operatividade: terapia cognitiva).
Lauro de Oliveira Lima.

Procurando dar um sentido mais prático ao nosso trabalho, a tarefa seguinte consiste na organização de um conjunto de textos, neste caso as partes literais das canções que embalam os folguedos, para que possamos utilizá-las como guia de nossas (alunos e professores) aulas. A seleção do material para compor a parte deste trabalho, mais voltada para o fortalecimento dos laços cooperativos, obedeceu a dois critérios: em primeiro lugar que a história escolhida fosse enredo de algum folguedo popular do Brasil e o segundo que, de alguma forma, a atividade proposta já tenha sido aplicada no cotidiano escolar apresentado resultados satisfatórios.

A gênese dos folguedos é a busca do prazer que emerge das relações entre homens, mulheres e divindades. Trata-se, portanto, de uma manifestação de forma indefinida, inacabada e sem limitação quanto aos espaços temporais e geográficos.

O folguedo pode ter origem na ação de uma única pessoa sentada à sombra de uma amendoeira e ao longo do tempo ir agregando pessoas (milhares de pessoas) em torno de seu culto (Boi de Parintins, Carnaval, etc.). Da mesma forma estamos tratando de uma manifestação cultural de possibilidades ilimitadas. O folguedo pode ser realizado apenas com gritos gestos, atos jocosos ou com toda a parafernália tecnológica utilizada nos grandes eventos que alimentam a alma da sociedade contemporânea. Do conteúdo lúdico dessas manifestações podemos nos valer tanto das singelas orações e das canções criadas para os contatos transcendentais como das inúmeras maneiras de garantir o brilho e o sucesso das festas de maior porte presentes nos adereços, nas músicas, na culinária, na dança, na indumentária, nos dramas, nas lendas e na história das sociedades como um todo. Cada um desses componentes da cultura popular pode, perfeitamente, satisfazer às inúmeras propostas organizadas objetivando a contemplação dos requisitos que permitem às crianças exercitarem-se por cada uma das vertentes que contemplam as propostas mais hodiernas do movimento ao qual chamamos de arte-educação.

As propostas escolhidas foram largamente utilizadas ao longo de nossa vida profissional, mas não serão apresentados como bulas fechadas pelo simples fato de que nem sempre, elas apresentaram os resultados esperados. Aparecem como possibilidades de construção do ferramental que pode contribuir para organização do trabalho no interior das linguagens mais presentes no cotidiano da escola pública brasileira: a música, a dança, o teatro, as artes visuais e a própria história das produções artísticas da humanidade.

Outro motivo para a escolha do folguedo deve-se às informações históricas que fazem parte de sua estrutura, instrumentais necessários à compreensão da natureza de cada espaço físico e social dentro do qual se movimenta cada parcela da sociedade: o mundo atual, o coletivo humano, o território urbano, o núcleo familiar e todas as coisas presentes em nossas vidas, às quais damos o nome de produção cultural. Além das informações de natureza sincrônica, a discussão da origem dos folguedos pode contribuir para que as crianças melhorem seus conhecimentos relativos à história dos seres humanos (fatos diacrônicos, verdades, fantasias, crendices) e toda a coletânea de tradições que podem esclarecer os motivos de uma série de preconceitos relativos às etnias, aos costumes, às categorias sociais, aos gêneros e à religiosidade.

As músicas que direcionam os folguedos escolhidos aparecem sem os títulos, pelo fato de a maioria das canções populares serem conhecidas pelo primeiro verso. As crianças, por sua vez, também não gostam muito de títulos pequenos. Tais prerrogativas pesaram em nossa decisão de deixar os nomes das músicas a cargo de quem delas fizer uso.

Também a ordem de utilização não carece ser seguida. A seqüência foi estabelecida apenas para facilitar o trabalho da equipe de editoração. Cada canção gera um número indeterminado de atividades, mas nem sempre é necessário que nos orientemos por elas. Na dúvida a melhor opção é a desordem. Desta forma creio que a curiosidade e a contribuição de meus companheiros, grandes e pequenos, farão destes escritos o embrião de um projeto mais abrangente e de ricas possibilidades.

Os registros que seguem foram escolhidos porque vieram no bojo das lembranças de nossa infância e porque acreditamos que elas devam seguir por muito e muitos anos fazendo a alegria da garotada que freqüenta os bancos públicos da escola de ensino fundamental.

São brinquedos e cantorias de terreiro que reunimos visando a promoção da felicidade coletiva e a integração dos setores: a creche, as classes de alfabetização e as oficinas de arte-terapia de atendimento às crianças portadoras de necessidades especiais, mas que poderão servir a outros projetos de acordo com os objetivos e as metas estabelecidas para cada unidade escolar ou instituição de atendimento à criança sem o caráter formal da escola de ensino regular. Para facilitar a organização dos textos usamos os nomes das canções inspiradoras, mas ninguém é obrigado a seguir a sequência que estabelecemos para este fim. Procure fazer bom uso das propostas sem preocupar-se com a ordem dos temas e bom trabalho.

01. VAMOS VER A LUA
02. ALECRIM DOURADO
03. NO BA BE BI BO BU
04. SAMBA-LELÊ
05. FUI PASSEAR NO JARDIM CELESTE
06. EU NASCI LÁ EM AREIAS
07. MANDEI CAIAR MEU SOBRADO
08. BOI DA CARA PRETA
09. PUXA O BOI
10. PAI FRANCISCO
11. VAMOS INDO DEVAGAR
12. EU SOU JACARÉ POIÔ
13. DE ABÓBORA FAZ MELÃO
14. CAMALEÃO
15. DESENCOSTA DA PAREDE
16. CANA-VERDE
17. EU SOU POBRE, POBRE, POBRE
18. VAPOR BERROU NA PARAÍBA