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SAMBA-LELÊ

SAMBA-LELÊ
TÁ DOENTE
TÁ COM A CABEÇA QUEBRADA
SAMBA-LELÊ PRECISAVA
ERA DE UMA BOA LAMBADA

PISA, PISA, PISA Ô MULATA
PISA NA BARRA DA SAIA, Ô MULATA

DIGA MULATA BONITA
COMO É QUE SE NAMORA
PÕE O LENCINHO NO BOLSO
DEIXA A PONTINHA DE FORA, AI, AI, AI...

PISA, PISA, PISA Ô MULATA
PISA NA BARRA DA SAIA, Ô MULATA

DIGA MULATA BONITA
ONDE É QUE VOCÊ MORA
MORO NA PRAIA FORMOSA
E DE LÁ NÃO VOU EMBORA, AI, AI, AI...

PISA, PISA, PISA Ô MULATA...


UMA BRINCADEIRA DE RODA
É apenas uma brincadeira de roda, mas a estrofe que abre esta canção sofre das mesmas acusações dirigidas à mais cantada das músicas infantis: atirei o pau no gato. A maioria delas, sem embasamento teórico. Afirmam os críticos que os versos dessas canções induzem à violência, fato que não encontra eco entre aqueles que se divertiram a valer cantarolando essas e outras canções. São textos que falam de uma violência lúdica, mas que em momento algum transformaram em violentos aqueles que tiveram a oportunidade de vivenciar brinquedos e canções com tais características. Não existe comprovação científica que relacione a violência com a natureza dos brinquedos, utilizados por este ou por aquele grupo social.



Também é preciso que fique claro que não somos a favor da venda de brinquedos inspiradores de atos violentos, mas deve-se considerar que a paranóia que se estabeleceu com o aumento da criminalidade é parte das inúmeras conjecturas sem embasamento científico capazes de explicar as motivações para as atitudes violentas. Apenas a guisa de exemplo, a recente destruição dos tanques e canhões utilizados pela molecada em suas fantasias diárias não contribuiu para a redução da criminalidade que se expande a cada dia pelas periferias das grandes cidades brasileiras.

Samba-lelê, não chega a ser um folguedo. É uma brincadeira de roda que se apresenta de várias formas e com um variado repertório. O refrão também muda de região para região, mas a melodia sofre poucas variações. Trata-se de uma canção afro-brasileira, utilizada tanto nas rodas infantis como nas rodas de capoeira dos mais velhos, tocada e cantada em um compasso mais lento. A roda começa sempre cantando a primeira estrofe e o menino que está na roda canta para menina os versos interrogativos. A menina que foi interrogada responde, sempre ao som das palmas, sobre várias coisas que lhe são, em versos, perguntadas. Em nossa infância brincávamos em roda, mas parados. Mais tarde podemos identificar outras versões em que os componentes da roda circulavam de mãos dadas enquanto cantavam a primeira estrofe.

UM JOGO INTERADOR
Complicando a roda. As crianças, pouco a pouco, e, principalmente aquelas que habitam os espaços urbanos vão perdendo o hábito de se divertir nas brincadeiras de roda. É importante que volta e meia pais e educadores encontrem um tempo para brincar com o grupo, independentemente de sua faixa etária, explorando o conhecimento de cada um. Alegros, cirandas, marchas, valsas, etc. Não é preciso que fiquemos preocupados em descobrir a origem e a execução fiel de todas as brincadeiras. Muitos autores têm empreendido esforços para este fim, mas o que geralmente chegam às páginas dos livros são anotações de coreografias e as letras do que é cantado. O resto fica por conta da imaginação.

Procurem selecionar cantigas e brincadeiras: amorosas, satíricas, de aquecimento, para dramatizações. Explorem com o grupo, os movimentos mais simples sem esquecer de propor que meninos e meninas criem outras formas de brincar.

Uma outra possibilidade consiste em aproveitar o momento da roda para a utilização dos jogos teatrais: comece pelo caracol das quadrilhas juninas. As crianças de mãos dadas são conduzidas pela primeira para o centro da roda até que o caracol fique impossibilitado de locomover-se. Em seguida proponha o retorno, à roda original. Não pare por aí. As quadrilhas nordestinas e as rodas de cirandas sulinas são fontes inesgotáveis de inspiração. Lembrem-se das duas rodas (por dentro e por fora), do garranchê, do anarriê, da coroa de espinhos, de rosas, etc.





UMA ATIVIDADE PLÁSTICA
A semiologia das bandeiras e a magia das lanternas. Cada festa popular possui uma organização e uma estética próprias, determinadas pelo conjunto de crendices que alimenta a alma do povo que a produz. No Brasil, os festejos juninos são ornamentados com lanternas e bandeiras, fontes de inspiração de vários artistas plásticos notadamente aqueles que se valem da pintura para a elaboração de seus trabalhos. É muito importante que as crianças, possam ter contato com esses objetos, no momento da análise dos trabalhos de pintores como: Volpi, Portinari, Di Cavalcanti, autores de inúmeras obras elaboradas com o intuito de registrar os movimentos de nosso patrimônio imaterial presentes nas festas populares, sejam elas de caráter sagrado ou profano.





Para trabalhos dessa natureza é interessante que tenhamos à mão: Papel de seda, papel cartão, colas, grampeador, barbante, papel crepom, arame, lápis cera, tinta guache, pincéis, tesouras, cartolinas, réguas e esquadros. Em seguida, contem histórias, colem as bandeiras, cortem os papéis, meçam os espaços, desenhem e façam os moldes, pintem, adornem as lanternas, enfeitem os espaços, observem o trabalho de outros artistas, escrevam sobre eles, componham, exponham, festejem.