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PRIMEIRAS PALAVRAS

Conta uma das centenas de lendas gregas, que, na entrada da Cidade de Tebas havia uma esfinge, dentre todas que conhecemos, a mais violenta e audaciosa. O terrível animal tinha asas imensas, corpo de leão, cabeça de falcão ou de mulher e inteligência humana. Foi esta a descrição que mais ouvimos em nossos tempos de escola, mas não fiquem intrigados se você tem outra versão para contar. A definição da estrutura física deste ser assustador varia de acordo com os conhecimentos e interesses de cada contador de histórias.

O que há de comum entre todos os informantes é o fato de que a sua principal missão era aterrorizar as pessoas que se dirigiam à cidade. Dizem ainda que, para se fingir de boazinha, a bicha dava uma chance ao interpelado pronunciando uma frase que ficou muito famosa: Decifra-me ou te devoro! Assim mesmo com o pronome no meio da frase.

Édipo e a Esfinge – Ingres – Museu do Louvre

Ato seguinte, ela fazia ao quase devorado a seguinte pergunta: Qual é o animal que pela manhã anda com quatro pernas, ao meio do dia com duas e ao anoitecer com três? Como se tratava de um enigma construído pela própria esfinge, ninguém conseguia decifrá-lo e todos acabavam sendo engolidos naquele mesmo lugar.

Certo dia, porém, depois de assassinar seu pai e em vias de casar-se com a própria mãe, Édipo encontrou-se com a esfinge que, esfomeada, foi logo fazendo a ele a mesma pergunta. Quando a engraçadinha já estava prestes a comer o grande herói, ele disse: É o homem! Pois na infância andamos com quatro pés, na juventude com dois e na velhice com três (duas pernas e uma bengala). Perplexa e desesperada, a esfinge projetou-se sobre as pedras pontiagudas de um profundo abismo, pondo fim ao terrível pesadelo para aqueles que visitavam a mitológica cidade.

Sabemos que este desafio é apenas um dos milhares que a humanidade construiu para aguçar a curiosidade geral. No entanto, temos a sensação de que ele foi o que mais provocou a fértil imaginação da civilização ocidental. Todas as brincadeiras de perguntas, todos os enigmas que são construídos pelos mais velhos para movimentar a mente da garotada, têm o propósito de chamar o indivíduo a refletir sobre temas de nosso cotidiano, podendo inclusive ajudá-lo na solução dos problemas que vão surgindo pela vida afora.

Para este projeto, além dos inúmeros jogos que elaboramos, selecionamos de várias publicações constantes da bibliografia in fine questões simples destinadas à meninada que freqüenta os bancos da escola de ensino fundamental. Por outro lado sabemos que elas também servirão para o deleite dos mais velhos que não suportam ver uma revistinha de passatempo, sem debruçar-se sobre ela até devorá-la, até chegar a uma solução que satisfaça às suas principais interrogações. Portanto, sinta-se desafiado, divirta-se, aprenda!

É importante dizer também que não somos professores de matemática, apenas gostamos muito de jogos e aprendemos com Piaget, Ferrero, Kamii, Freinet e muitos outros, a utilizá-los como instrumentos que podem contribuir para o desenvolvimento da inteligência. Por isso, somente apresentamos, neste trabalho, os exercícios que conseguimos resolver nos inúmeros livros, revistas, olimpíadas, testes e provas consultados para montagem desta obra. Alguns jogos foram utilizados na sua forma original, outros (já pedindo desculpas aos seus formuladores) foram modificados para facilitar a compreensão da meninada de ensino fundamental. Isto, a nosso ver, faz com que a criança se defronte com as mesmas possibilidades de errar e acertar e, desta forma, sinta-se permanentemente estimulada a prosseguir pelos saudáveis caminhos do jogo.

Desde já, agradecemos a todos (educadores ou simpatizantes) que, mesmo sem saber, contribuíram para a socialização das informações constantes deste projeto.