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PUXA O BOI

PUXA O BOI, MANÉ PUXA O BOI

NO SUBI DA LADEIRA, MANÉ PUXA O BOI
PUXA O BOI, MANÉ PUXA O BOI
NO SUBI DA LADEIRA, MANÉ PUXA O BOI

NO CAMINHO DA ROÇA
TEM MARACUJÁ
MAS NÃO TEM MADURO
PRA MEU BEM CHUPAR

AS POMBINHAS VOAM
EU TAMBÉM QUERO VOAR
OS PEZINHOS PELO CHÃO
AS ASINHAS PELO AR

DONA MARIQUINHAS, RODEI
DONA MARIQUINHAS RODÁ...



O boi, como acabamos de ver, é um dos grandes inspiradores da cultura popular de entretenimento e em torno dessa cultura se desenvolve uma infinidade de histórias geratrizes de canções, parlendas, repentes, literatura de cordel e esculturas de toda natureza e forma. A expressividade de sua forma está presente nos adornos de madeira, nas pedras esculpidas e nas reproduções para presépios executados com uma infinidade de materiais. Patativa do Assaré, grande poeta nordestino, dá a sua contribuição:




Eu sou filho do nordeste não nego meu naturá
Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá
O sertão esturricou fez os açude secar
Morreu minha vaca Estrela se acabou meu boi Fubá
Com sordade do Nordeste dá vontade de abóiá...

Sabemos também que as histórias de bois não surgiram nessa terra. A maioria delas permaneceu como registros de acontecimentos que vêm de muito longe, dos contos medievais, dos campos de Portugal e chegaram aqui, juntamente com o animal, em forma de prosopopéias. Para uma melhor compreensão deste assunto, vejamos um trecho de O Rabicho da Geralda, uma interessante rapsódia nordestina colhida no Ceará por José de Alencar, um de nossos primeiros autores que demonstraram preocupação com a catalogação da produção dos segmentos populares. O trecho abaixo foi publicado por Romero (1985) em seu livro Cantos Populares do Brasil:

Eu fui o liso Rabicho
Boi de Fama conhecido
Nunca houve neste mundo
Outro boi tão destemido.
Minha fama era tão grande
Que enchia todo sertão
Vinham de longe vaqueiros
Pra me botarem no chão.
Ainda eu era bezerro
Quando fugi do currau
E ganhei o mundo grande
Correndo no bamburral.
Onze anos eu andei
Pelas cantigas fugido
Minha senhora Geralda
Já me tinha por perdido.

Uma nota de Luís da Câmara Cascudo, publicada no mesmo livro, explica:

Este cunho peculiar da poesia pastoril do Ceará ressalta em todos os poemas de que tenho notícia, mas em nenhum talvez com o vigor que se nota no Rabicho da Geralda. A ação dilata-se por nove anos, segundo uma versão, ou por doze na lição mais seguida. É com pouca diferença o período clássico do cerco de tróia. Durante esse tempo, o boi afronta a habilidade dos vaqueiros; destroça os mais destemidos e afamados campeadores; e, sempre vencedor, só vem a sucumbir com a calamidade da seca. Todo o valor e perícia do homem nada pode contra o touro valente.

Dentre as histórias, gêneses do bumba-meu-boi, que foram aparecendo ao longo da colonização, uma parece ser a matriz de todas as outras. Contam que, no período da escravatura, uma mulher grávida chamada Catirina (Catarina) pediu ao seu marido, um escravo que se chamava Francisco, que matasse um boi da fazenda em que trabalhavam para satisfação de seu justificado desejo. Grávida quando deseja comer qualquer coisa não tem jeito, é sempre melhor atender ao pedido. O escravo não pensou duas vezes e matou o boi do senhor para atender ao pedido de sua companheira. Quando o patrão acordou mandou prender Francisco, mas este encontrou apoio em um pajé da região que ao fazer uso do poder de suas bruxarias conseguiu revitalizar o boi, na véspera, assassinado.

Esta história é a origem de todas as modalidades de bumba-meu-boi, comemoradas pelas cidades e pelos locais mais distantes de nosso país. Boi, portando, é sinônimo de festa, de alegria e de luta pela sobrevivência das tradições populares. Nos estados do Maranhão, Pará e Amazonas recebe o nome de Boi-bumbá, em Pernambuco é Boi-calemba, em São Paulo é Boi-de-jacá, em Santa Catarina e no Paraná é Boi-de-mamão, no Ceará chama-se Boi-surubim, e no Rio Grande do sul é simplesmente, Boizinho.

A encenação do drama que dura toda por toda noite entre representações, cânticos e danças tem inúmeras versões, mas os personagens básicos são: Pai Francisco, Catirina, O pajé, o capitão do mato, o padre capelão, a burrinha, o caipora, índios e feiticeiros. Da mesma forma torna-se impossível fazer uma lista precisa dos instrumentos que acompanham este folguedo. São encontrados, com mais freqüência, os seguintes: violão, viola, cavaquinho, tambor, pandeiro, ganzá, maracá. Em épocas recentes, foram incorporados também a sanfona, o triângulo e os instrumentos de sopro.




UM JOGO INTERADOR
Aprendendo com jornais velhos. Os jogos que apontamos nesta atividade foram criados para o estudo das forças da natureza (da massa do vento, da gravidade, da pressão atmosférica...), mas para efeito de nossos estudos eles têm outras finalidades. Destinam-se a contribuir para o desenvolvimento da autoconfiança e da melhoria do equilíbrio corporal. Em uma sala sem mesas ou cadeiras ou no pátio, organizar as seguintes corridas:

. Corrida com folha de jornal na barriga, para explorar a pressão da massa de ar.

. Corrida com jornal dobrado sobre a mão aberta para observação da influência da massa de vento.

. Corrida com o jornal dobrado sobre a cabeça para ajudar na percepção do equilíbrio que vai do centro da cabeça à parte inferior do calcanhar. Solte a sua imaginação e crie outras brincadeiras com jornal.

Logo após o jogo de interação e com o grupo ainda aquecido, reúna as crianças para criação de uma coreografia para a música que abre esta seqüência. Caso a turma seja grande divida em duas para que escrevam e improvisem uma coreografia sobre o ritmo e a melodia da canção que acabamos de trabalhar. O passo seguinte é a montagem do folguedo, a construção das falas, a confecção dos adereços e a marcação do dia da festa do boi.

A ATIVIDADE PLÁSTICA



O jornal é um dos mais interessantes materiais de uso contínuo no laboratório de artes. Além de suas contribuições relativas às informações, trata-se de excelente material para execução de uma interminável lista de produtos que podem ser obtidos a partir de seu reaproveitamento. Já existem publicações mensais de artesanato somente com objetos produzidos a partir do reaproveitamento dos jornais.

Como estamos na escola, vamos começar bem devagar. Primeiro explorando os sons obtidos através de vários gestos. Rasgando, amassando, esfregando o chão, vibrando e etc. Todos fazendo o mesmo gesto ao mesmo tempo. Quando o professor terminar de rasgar o jornal, todos, sentados em círculo também rasgam o seu e assim sucessivamente.

Quando esta brincadeira termina o chão está cheio de pedaços de papel, um rico conjunto de formas abstratas, irregulares que podem ser pintadas ou coladas em outras superfícies. Com elas também podemos construir máscaras colando os pedaços de jornais sobre um pedaço de papel cartão curvado até que ele fique endurecido, moldado como um rosto. Depois é só pintar da forma que cada um desejar. Quem faz uma máscara com papel cola também pode fazer a cabeça do boi.

Agora que já sabemos quase tudo sobre a história do bumba-meu-boi e que, também, aprendemos que, com jornais e cola, podemos fazer a sua cabeça, é só seguir algumas recomendações e preparar o grupo para o auto do Boi-bumbá. De todas as fantasias a mais complicada é a do próprio o boi que precisa de uma armação de arame, madeira leve ou cipó que vai segurar o pano que esconderá o tripa (homem ou o menino que fica embaixo do boi fazendo movimentos para assustar aqueles que assistem ao folguedo). Os demais personagens podem ser vestidos de acordo com a disponibilidade do grupo, cada um deve criar a indumentária de seu personagem e as falas de acordo com a história lida ou contada.

Para grupos de meninos pequenos uma caixa de papelão pode servir para o corpo do boi que terá como cabeça uma bola de papel machê enfiada em um cabo de vassoura. Várias lojas que vendem produto para festas, também oferecem a cabeça do boi pronta para a fuzarca.

Para esta atividade é preciso: jornais e revistas, colas sintéticas ou caseiras de farinhas, papel madeira ou do tipo craft tinta guache, pincéis e trinchas rolinhos de espuma para pintura papel cartão, cartolinas, penas sintéticas, elásticos para roupas, barbantes e roupas velhas. Agora rasguem, cantem, amassem, vibrem, colem, pintem, imprimam, exponham, brinquem, festejem.